Engenho São Félix


A história do engenho São Félix se confunde com a de seu construtor: Paulo de Souza Vieira (1822-1862), nascido na cidade de Lagarto (Se), no engenho Poções, de propriedade de seus pais. Ele era filho do fazendeiro e usineiro Coronel Antônio de Souza Vieira (1781-1853), e de Ana Maria de Jesus. O “tenente coronel”, pois era assim conhecido Paulo Vieira, além dos irmãos José e Alexandre, tinha uma irmã chamada Mariana que residia na cidade de Estância (Se), casada com José da Costa Lisboa Junior, filho do português José da Costa Lisboa, talvez por isso tenha saído de Lagarto e daí veio a conhecer Joaquina Hermelina da família Costa Carvalho, da vizinha Vila de Santa Luzia do Itanhy. Joaquina era filha de Raymundo Batista da Costa Carvalho e Josepha Francisca de Jesus, proprietários do Engenho Antas. Casaram-se logo e como dote, que era comum naquela época, receberam um pedaço de terra conhecido como Tuntun ou São Felix. Esta propriedade, que era uma extensão das Antas, foi comprada por Raymundo Batista em 24 de março de 1817 a Margarida Guilhermina de Jesus pela quantia de cem mil réis e, um dos seus donos anteriores foi o Capitão-mor Félix da Rosa, talvez daí veio a origem do nome São Félix. Com o cultivo da lavoura da cana de açúcar e a criação de gado dando bons lucros, o tenente coronel resolveu ampliar seus domínios, e aos poucos foi comprando não só todos os sítios da redondeza, como também os que seus cunhados iam recebendo como herança, anexando-os ao São Félix, tornando-a uma grande e próspera fazenda. De 1849 a 1861 comprou um total de dez sítios. Inicialmente, morava com a família na primeira casa-sede da fazenda, que era pequena e acanhada. Resolveu assim construir um grande sobrado e um engenho para moer a cana. O ano de 1847 foi para armazenar o material  para a construção do tão sonhado sobrado. Toda a madeira foi tirada das matas do São Félix e logo na frente do rio Guararema, verdadeiras montanhas de troncos grossos e pesados se espalhavam, dificultando a passagem dos animais para o rio. Do outro lado, próximo ao curral, ficavam as estacas finas, o barro, as pedras, as telhas e a cal. Com o fim do inverno era hora de iniciar a colossal construção... 

O sobrado teve início no ano de 1848, foi construído de pedra e cal com trinta janelas envidraçadas. Na parte de cima morava a família e, na parte de baixo ficavam a cozinha, o armazém, depósitos e, posteriormente, uma escola. O engenho foi construído também de pedra e cal, movido a água, do rio Gaurarema. Juntamente com outros da região, dominou o comércio do açúcar no sul do estado. Quis o destino que uma fatalidade desse fim a tão profícua gestão: por um descuido, Paulo Vieira foi atingido pela roda d’água que estava a consertar e que movia o engenho, vindo a falecer no dia 18 de fevereiro de 1862, aos 40 anos de idade, deixando viúva Joaquina Hermelina da Costa Vieira com a idade de 33 anos, e os filhos: Sizenando, com 14 anos; Jasson, com 12 anos; Josefa, com 10 anos; Berilo, com 9 anos; Antônio, com 8 anos e Maria com 3 anos. Está, assim, traçado um perfil de uma vida de grande proficiência.

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