O REDUTO DO RIO VERMELHO


Rio Vermelho
Foto: Google


O Reduto do Rio Vermelho, como era conhecido, foi um ponto fortificado de grande importância estratégica em vista de sua localização afastada em relação à Vila do Pereira e ao centro político e administrativo da cidade do Salvador. Os seus homens eram os primeiros, depois da Casa da Torre, a avistarem a presença de naus estrangeiras nas costas norte da Bahia, que imediatamente avisavam ao Forte de Santo Antônio da Barra, instalado na entrada da Baía de Todos os Santos. Caso fosse uma nau inimiga, o aviso era dado com um tiro de canhão. A comunicação era mais rápida e mais efetiva, o que permitia a preparação da defesa da cidade, verificação do efetivo militar, da munição, da pólvora, dos canhões, entre outras providências. A sua construção é datada de 1711 e feita no governo de D. Lourenço de Almeida. 

Carta do Rei D. João III a Diogo Álvares





Nas proximidades do Reduto do Rio Vermelho, por volta de 1510, deu-se o naufrágio de Diogo Álvares Corrêa, o Caramuru, na Pedra da Concha, rochedo situado a cerca de 500 metros do forte. Personagem importante nas primeiras décadas do descobrimento, tendo assistido e participado das tentativas de colonização, inclusive das capitanias hereditárias e dos governos gerais. D. João III, rei de Portugal a ele se reportou para que recebesse e apoiasse em mantimentos a Comitiva de Tomé de Souza quando aqui aportou em 1549 para fundar a cidade do Salvador. 


Na década de 60, a Prefeitura Municipal do Salvador querendo alargar a avenida por trás do forte, faz um acordo com a Cúria Metropolitana para derrubar a Igreja de Santana que fica no meio da avenida. A contrapartida era a construção de uma nova igreja para Nossa Senhora de Santana. Ela foi construída sobre as ruínas do velho forte, pelo engenheiro Celso Oliva, a pedido do Padre Antônio da Rocha Vieira e inaugurada em 1967. Vale ressaltar que o engenheiro usou a mesma técnica construtiva usada para o forte. Não usou concreto, como estava no projeto, para que a maresia não viesse a corroer em pouco tempo o ferro da estrutura. 


Planta do Forte do Rio Vermelho


Igreja de Santana - Rio Vermelho
Foto: Google
Certa feita, numa entrevista, perguntaram-me o que deveria ser feito, em vista da população do Rio Vermelho, após a construção da igreja nova, não haver concordado em derrubar a igreja velha de Santana. Fui claro, preciso e conciso, “deveria ser derrubada a igreja nova em vista do não cumprimento do acordo”. A resposta da igreja veio rápida, condenando o meu posicionamento e dando mil justificativas da necessidade de permanência das duas igrejas, uma ao lado da outra, praticamente. 

E assim, vamos apagando a memória histórica para satisfazer egos e vaidades de pessoas e instituições voltadas, pura e simplesmente, para os seus próprios interesses. Hoje o forte está esquecido e nem sequer uma placa deixaram sinalizando a presença do velho baluarte naquele sítio.











Anésio Ferreira Leite é militar,
formado em administração de empresas e
Diretor Presidente da ABRAF
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