A CIDADE ESCORADA



Aquela que foi a principal cidade abaixo do equador nos séculos XVII e XVIII, capital do Brasil por mais de duzentos anos, patrimônio da humanidade pela UNESCO, símbolo de uma época de fausto e riqueza, agora é uma cidade escorada, uma cidade abandonada, uma cidade pedindo para morrer. 


Postem-se no Mercado Modelo e olhem para o frontispício da cidade, verão mais de uma dezena de edifícios escorados com estruturas metálicas, instaladas depois que parte dos mesmos, desabou. Não pensem que essas estruturas são temporárias, que foram colocadas ali enquanto se providenciavam os agenciamentos para a sua recuperação plena e imediata. Ledo engano! Algumas delas têm mais de dez anos. Um dia o que sobrou também vai soçobrar... 






Há pouco tempo os jornais noticiaram a chegada de mais de 100 milhões de reais para escoramento de prédios na área do Centro Antigo. Um absurdo! Por que não se restauram ao invés de escorá-los? Não entendo porque a Prefeitura não faz um acordo com os ocupantes de imóveis na área do Centro antigo para que mantenham os seus imóveis em boas condições de uso e pintados, principalmente, os seus telhados, por onde, normalmente, começam os problemas de degradação. Isente-os do pagamento do IPTU e exija o cumprimento do acordo. Fiscalize! 


Onde está o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)? O que tem feito? Vamos tirar a cabeça da areia e começar a enxergar soluções para os problemas. Vamos sair do casulo, abrir a cabeça e enfrentá-los. Envolver a sociedade é necessário, o problema não é só técnico, é também político; talvez mais político do que técnico. 

Estação da Lapa
Acesso ao subsolo 
Por falar em abandono, visitem o terminal da Lapa, venham conhecer uma filial do INFERNO. As escadas rolantes não funcionam. Os sanitários sem condições de uso, as pessoas preferem satisfazer suas necessidades fisiológicas do lado de fora. O mau cheiro é insuportável. Os zumbis habitam o local, junto com a marginalidade. Do teto caem pingos que não se sabe bem o que é. Existe ali um problema de saúde pública, de insalubridade, de marginalidade e de falta de respeito para com os soteropolitanos.. 



"Me sinto dentro do esgoto quando venho à  Lapa" - Merjory Kenia
(usuária da maior estação de transbordo de Salvador) 






ESCADAS ROLANTES









SANITÁRIOS



Cabines sem portas



Pias sem torneiras

Onde está o Prefeito? Onde está o Ministério Público? Onde estão os secretários do Município? E o Governador, por que não interfere? Um caos! Não acreditamos mais que alguma coisa possa ser feita, que alguma coisa possa mudar. A única certeza que temos é que um novo escândalo vai acontecer. Pode não ser hoje, mas de amanhã não passa, pela freqüência com que vem ocorrendo. 




Estamos abandonados, não sabemos a quem recorrer. A única possibilidade é seguir o pensamento de Eça de Queiróz, quando disse que “Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão” As eleições estão ai, 2012 e 2014, vamos mudar, vamos eleger quem nunca foi eleito e cobrar a observância das suas promessas. 

A violência tomou conta do nosso estado e da nossa capital. O Governador não toma conhecimento. Todo mundo está reclamando e o que vemos? Os responsáveis pela segurança negarem, mostrarem estatísticas, estatísticas e mais estatísticas e nada muda. Bancos são assaltados, ônibus são assaltados, pessoas são abordadas, assaltadas e muitas vezes, mortas. Há poucos dias, dois jornalistas mexicanos foram assaltados e tiveram os seus pertences de trabalho levados pela marginália, dentro de um ponto turístico como o Solar do Unhão. Que turismo queremos? Onde está o Secretário de Turismo? Também passeando? 

Volto a afirmar, está faltando autoridade, decisão e, principalmente, coragem. Para reverter essa situação que já beira o caos, há que se fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), entre os responsáveis e todos os envolvidos com o problema, de tal forma que bandido que aqui entre, não consiga sair e que eles saibam dessa determinação das autoridades da Bahia. Sem chances para eles. Não existe bandido bom! Bandido é bandido, e como tal, deve ser tratado. 

Antigamente, eu dizia que a situação do Rio de Janeiro era de guerra civil. Hoje, afirmo sem medo de errar, que a situação na Bahia está no mesmo patamar. O remédio é amargo, mas temos que tomá-lo se quisermos acabar com a doença. Já sofri três tentativas de assalto, em todas elas os bandidos estavam armados. Onde estão os responsáveis pelo desarmamento? Ou ele só serve para desarmar os cidadãos de bem? 

Os temas aqui tratados dizem respeito diretamente ao turismo, por se refletirem na apresentação da cidade, na limpeza e beleza do seu patrimônio colonial e na segurança dos visitantes, fortalecendo a tão propalada vocação da cidade do Salvador para o turismo. E o que estamos fazendo? Qual foi a última vez que os responsáveis pelo turismo, pelo patrimônio e pela segurança estiveram reunidos para encontrar soluções para esses e outros problemas? 

Se não podemos oferecer muito, que seja um mínimo, com a qualidade e segurança exigidas para qualquer destino turístico. 

Vamos PENSAR SALVADOR. Convoco os moradores desta querida cidade a se posicionarem. Coloquem no papel as suas idéias e soluções, vamos pensar juntos sobre a cidade que queremos. O nosso blog está à sua disposição www.museuvivonacidade.blogspot.com

Eu ainda acredito! E você?




Foto do perfil de Associação Brasileira dos Amigos das Fortificações Militares e Sítios Históricos
Anésio Ferreira Leite é militar,
formado em administração de empresas e
Diretor Presidente da ABRAF.
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e-mail: abraf.presidencia@gmail

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