A REPÚBLICA NOSSA DE CADA DIA




Bandeira provisória da República dos Estados Unidos do Brasil





por Anésio Ferreira Leite

O surgimento de ideias republicanas no cenário político brasileiro se dá, mais consistentemente, a partir do término da guerra do Paraguai e da queda da monarquia francesa (1870). O Manifesto Republicano, lançado por Quintino Bocaiúva, neste mesmo ano, motivou o surgimento do Partido Republicano Paulista, três anos depois (1873), na cidade de Itu. 

Contribuíram para o crescimento dos ideais republicanos, as questões militar e religiosa, a abolição da escravatura e a sucessão do Imperador Pedro II, que vinha apresentando sinais, cada vez mais evidentes, de estar doente. A Princesa Isabel, sua sucessora, além de ser mulher, era casada com o Conde D’Eu, um estrangeiro. Vivíamos numa sociedade patriarcal e, pensava-se, que ela sofreria influência do mesmo, quando estivesse no trono. 

Princesa Isabel e o conde D'eu

Na noite de 9 de novembro de1889, enquanto a monarquia realizava um baile formidável na ilha Fiscal, o Clube Militar se reunia para tratar da transferência de alguns batalhões acusados de insubordinação. Benjamin Constant incitou os colegas de farda a lutar contra o Imperador. Havia, no entanto, uma grande preocupação em manter a unidade militar e, reconhecia-se que Deodoro era o homem para isso. Embora doente, era o militar de maior prestígio, herói da guerra do Paraguai e defensor ardoroso da integridade da corporação. 

Baile da Ilha Fiscal


Na noite do dia 11, os chefes republicanos convenceram Deodoro a liderar o movimento. Ele e o Benjamin Constant cuidariam da parte militar e o Quintino lideraria os demais. 

Na madrugada do dia 15 de novembro Benjamin foi acordado com a notícia de que o movimento havia sido deflagrado e de que sua prisão era iminente. Foi ter com Deodoro e junto com ele e mais seiscentos homens marcharam para o Campo de Santana. Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros do Império, ordenou que Floriano Peixoto, expulsasse os desordeiros, lembrando-o de sua bravura frente às tropas paraguaias. “As bocas de fogo no Paraguai eram inimigas, aqueles canhões são brasileiros”, respondeu Floriano com sua habitual calma. 

Às oito horas o Marechal Deodoro entrou no Quartel General sob uma salva de tiros, dando vivas ao imperador. Dirigiu-se a Ouro Preto dizendo que o ministério estava demitido e que os direitos do imperador seriam respeitados. Era necessário agir antes que a monarquia tomasse fôlego, Benjamin e José do Patrocínio lançaram na Câmara Municipal uma moção conclamando o Exército a proclamar a República. Deodoro foi encontrado em seu leito, repousando do desgaste do dia, aceitou a sugestão, mas só na manhã seguinte, o ato de Proclamação da República, assinado por Deodoro, se tornaria público. 

Na madrugada do dia 16, D. Pedro II recebeu do tenente-coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet o comunicado de que deveria partir imediatamente. Poderia ter reagido, tentando reprimir o movimento, preferiu, no entanto, evitar o derramamento de sangue de brasileiros. Estava proclamada a República. Deodoro assume o Governo Provisório. 

O Governo republicano temia que no dia 17, domingo, durante o dia, ocorressem manifestações a favor do imperador.
O tenente coronel Mallet é enviado para avisar que a Família Imperial deveria partir imediatamente. Houve certa comoção no Palácio.

D. Pedro II levou bastante tempo para se aprontar e aparecer no Salão, quando entrou na sala fez-se silêncio.

Ele estava entre severo e sereno, entrou na sala vestindo uma bem talhada casaca preta e segurando a infalível cartola na mão.

D. Pedro perguntou:
"O que é isso?”

“Então vou embarcar a esta hora da noite?", perguntou D. Pedro II ao tenente-coronel Mallet,

"O governo pede que embarque antes da madrugada porque assim convém", respondeu Mallet respeitosamente.

Ao passar ao lado da mesa em que, um ano antes, havia assinado a Lei Áurea, a princesa Isabel deu-se conta da importância de seu ato libertando os escravos sem conceder indenizações aos proprietários.

"Talvez seja devido a essa lei que estejamos indo para o estrangeiro, mas se as coisas fossem repostas, não hesitaria em assiná-la novamente", disse a princesa, apontando para a mesa na qual havia mandado gravar no mármore a data de 13 de maio de 1888.



O Regime Monárquico não foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio século manteve íntegro, tranqüilo e unido o território colossal. O império converteu um país atrasado e pouco populoso em grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-americana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado.

O império:
Aboliu de fato a pena de morte,
Extinguiu a escravidão,
Deu ao Brasil glórias imorredouras,
Paz interna,
Ordem,
Segurança,
Industrialização,
Liberdade para as instituições e, mas que tudo, liberdade individual como não houve jamais em país algum.

Quais as faltas ou crimes de D. Pedro II, que em quase cinqüenta anos de reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que o tornaram merecedor da deposição e exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de seus concidadãos?

- A resposta está na ganância e poder, acima de tudo.
http://imperiobrazil.blogspot.com.br/2010/08/republica-dos-estados-unidos-do-brasil.html








Juan Pablo Rojas Paúl (1826-1905), segundo presidente civil da Venezuela, quando soube da queda da monarquia brasileira pela via de um golpe de espada, exclamou triste e profeticamente: “Este é o fim da única república que jamais existiu na América”.







Cento e vinte e três anos depois de proclamada, a República não se consolidou como regime ideal e sério. A própria instituição militar, depositária maior dos valores da nação brasileira, ainda está em busca de identidade. As bases da república estão podres, corruptas e corruptoras. Os três poderes que deveriam ser independentes e harmônicos estão longe disso. Todos estão olhando para os seus próprios umbigos. Temos muitos políticos, nenhum estadista, todos preocupados com a próxima eleição, nada mais. 

Um retrospecto pelos campos da saúde, da educação, da cultura, do desenvolvimento tecnológico, das ciências e das artes, não nos induz a afirmar que um dia atingiremos um patamar minimamente satisfatório. Temos perdido, seguidamente, o trem da história. É só olhar para a Coréia do sul de hoje e ver que o Brasil era muito mais desenvolvido do que ela na década de 70. Estamos sempre adiando o nosso futuro. Sim o Brasil é o país do futuro. Quando? Que futuro? 

Deixamos para trás a monarquia, um regime consolidado, com um chefe de estado, que amava profundamente o Brasil, era culto, honesto, amante das artes, observador infatigável, mecenas. Figura basilar para a consolidação do Brasil como estado nacional, tinha uma visão de futuro, queria o país equiparado à Europa contemporânea em cultura e política. 

Ao deixar o país, exilado, não aceitou que suas despesas fossem custeadas pelo erário público. Suas despesas foram pagas por amigos e parentes. Viveu seus últimos dias de uma forma muito simples e precária, acariciando um punhado de terra da pátria que tanto amou, que colheu antes de embarcar para o exílio.






















Anésio Ferreira Leite é militar,
administrador de empresas e
Diretor Presidente da ABRAF
+ 55 71 9122-8776
+ 55 71 8882-8776
e-mail: abraf.presidencia@gmail.com



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