COMO SE DESTRÓI A MEMÓRIA HISTÓRICA






No dia 23 de março completaram três anos que o Museu Forte São Marcelo foi fechado pelo IPHAN-BA(23.03.2011) sob a alegação de que iria providenciar a restauração da sua estrutura submersa. Nada foi feito e dois anos já se passaram. Salvador perdeu um dos seus mais importantes pontos turísticos e com certeza o maior diferencial da cidade. A ação impensada do IPHAN-BA desativou o Museu Vivo do Forte São Marcelo, que trabalhava o resgate do patrimônio imaterial da nação brasileira, não respeitando o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), seu co-irmão, inclusive de subordinação, que registrou e autorizou o funcionamento do referido museu. Ambos subordinados ao Ministério da Cultura. No Forte São Marcelo o visitante compreendia a saga portuguesa desbravando o mundo e descobrindo novas terras, através das Memórias do Mar. 

O conhecimento da história das fortificações, como viviam os homens que ali labutavam, o que comiam, os utensílios utilizados, seus sofrimentos, castigos, as armas do período. A violência do recrutamento militar de homens “brancos e de boa compleição física” para trabalharem nos Fortes eram repassados aos visitantes por monitores qualificados, que utilizando-se da linguagem teatral faziam história, ao inovar no repasse do conhecimento.

Além disso, era contada a história da Cidade do Salvador, o porquê da sua localização, os primeiros sítios habitados, suas igrejas e outros monumentos, Caramuru, Catarina Paraguassú, Vila do Pereira, etc. Os turistas saiam encantados. Maquetes e toda uma parafernália tecnológica faziam parte do contexto do Museu Forte São Marcelo.

Complementando tudo isso, duas réplicas de Caravelas quinhentistas faziam parte do acervo e transportavam os visitantes para o forte e para um passeio inesquecível pelas mansas águas da Baía de Todos os Santos, com monitores vestidos de época e fazendo uma leitura do fronstipício da cidade, falando sobre os monumentos, personagens e evolução física e histórica do Salvador.

Tudo isso foi apagado da memória da cidade pela insensibilidade do IPHAN-BA que nunca quis saber o que realmente acontecia no Forte São Marcelo, que se recusou a receber, sistematicamente, a ABRAF, parceira do IPHAN de acordo com o contrato firmado em 13 de julho de 2000, para tratar de assuntos de interesse mútuo.
A cidade perdeu, a Bahia perdeu, todos perdemos. Quem ganhou? O descaso com o patrimônio público. Mais de cinco milhões foram gastos para a revitalização do Forte e a implementação de projetos sociais como o Arte Forte, que de 2006 a 2010 atendeu mais de 25 mil alunos da rede pública de ensino do município.


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