DESCASO COM O PATRIMÔNIO CULTURAL



DESCASO COM O PATRIMÔNIO CULTURAL
por Anésio Ferreira Leite


Imagem: Google

A cidade do Salvador nasceu no século XVI, mais exatamente no ano de 1549, para ser a capital do Brasil, título que ostentou até o ano de 1763, quando a Capital foi transferida para a cidade do Rio de Janeiro. Recebeu, por isso, um acervo arquitetônico barroco, só justificado pelo fausto gerado pelo ciclo do ouro, quando a produção das minas gerais atingia quantidades nunca antes imaginada. São espécimes dessa época as igrejas de São Francisco, da Ordem Terceira, do Bomfim e tantos outros monumentos que hoje sentimos orgulho que estejam entre nós. Isso só para falarmos em igrejas, não citando os Fortes Militares, as residências dos ricos senhores da Colônia, os prédios públicos, entre tantos. Um acervo notável! 

O tempo passou, a situação política mudou e esse patrimônio sofreu os efeitos do tempo, das intempéries e da incúria dos homens. Está sofrendo! Olhando para a cidade a partir do Mercado Modelo vemos uma cidade escorada. Que tristeza! O que fazer?




Gostaríamos de sugerir algumas alternativas para mudar esse quadro que só tende a piorar. Por que não doá-los a particulares que se predisponham a recuperá-los e mantê-los? Não podendo vendê-los nem deixá-los degradarem-se.

Os outros prédios que ainda estão em uso e sem a devida manutenção em todo frontispício da cidade, sugiro que se faça uma permuta percentual com os seus proprietários ou usuários, utilizando os impostos municipais (ISS e IPTU), de tal forma que os obrigue a mantê-los pintados, limpos e, principalmente, com os telhados recuperados, já que a maior degradação decorre da sua falta de manutenção.

Recursos financeiros têm sido gastos para escorá-los. Quando serão recuperados e dados a eles uma função? Não vejo com bons olhos a atitude de assim procederem. Não seria mais interessante recuperá-los definitivamente, ainda que nem todos? São questões sobre as quais temos que nos debruçar.

Os fortes militares têm sofrido muito ao longo dos anos. Hoje alguns estão abandonados, como o de São Paulo da Gamboa, o de Santa Maria e o de Jequitaia. Este último passou por um restauro quando se gastou muito dinheiro e está fechado, abandonado e sem nenhuma função que justifique o investimento feito. Um descaso! 

A ABRAF já se disponibilizou, junto à Petrobrás no sentido de assumir a sua gestão e ali implantar o Museu do Petróleo, já que era esta a finalidade após a sua restauração. A empresa agradeceu o interesse da ABRAF e informou que iria terminar o trabalho de restauro e de implantação do referido museu. Fazem mais de 3 anos de sua resposta e nada foi concluído.



Foto: Jaqueline Ferreira / Acervo ABRAF



A ABRAF, através do seu Museu Vivo, relembrará a chegada a Salvador da Família Real com uma representação cenográfica com os personagens que fizeram parte da história, simulando o trajeto do cortejo do porto à Praça Thomé de Souza e Pelourinho. D. João VI, D. Carlota Joaquina, o Arauto e a Guarda Pessoal do Príncipe Regente, desfilarão pelos caminhos da Cidade do Salvador, relembrando um dos fatos históricos que mais desenvolvimento trouxe para o Brasil. Na pesquisa feita, constatamos que o descaso com o patrimônio não é privilégio da Bahia pois que, a mesma sensação de descaso acontece no Rio de Janeiro, o Palácio de São Cristóvão e o Paço Imperial, cenário de um dos eventos mais extraordinários da história brasileira, entre 1808 e1821. Lá, viveu e reinou D. João VI, rei do Brasil e de Portugal. Apesar da sua importância histórica, quase nada lembra a Corte de Portugal no Rio de Janeiro. Hoje são prédios esquecidos, descuidados e sem memória, como se a história tivesse sido apagada.




















Anésio Ferreira Leite é militar,
administrador de empresas e 
Diretor Presidente da ABRAF
+ 55 71 9122-8776
+ 55 71 8882-8776
e-mail: abraf.presidencia@gmail.com

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