III FESTIVAL INTERNACIONAL CTE CAPOEIRAGEM




Aconteceu, no Teatro Vila Velha, o III Festival Internacional CTE Capoeiragem. O evento contou com a participação de mestres, contra-mestres, professores e alunos de capoeira do Brasil e do exterior. Houve também apresentações de maculelê, samba de roda, batizado de capoeira, troca de graduação e formaturas.
Como se trata de uma manifestação cultural, o Museu Vivo não poderia ficar sem registrar um evento de suma importância para a cidade do Salvador.

Mestre Balão é responsável pelo grupo há cerca de 13 anos. Ele disse que o CTE (Centro de Treinamento de Estudos da Capoeiragem) é uma dissidência dos quilombolas do Barro Vermelho. Existem núcleos espalhados em países como: Estados Unidos, Bélgica, Austrália e Suíça. Em Salvador, o CTE treina na academia Speed que fica no bairro da Pituba.






"A nossa função não é apenas o treino da Capoeira, mas também o estudo. É uma emoção muito grande saber da nossa identidade como baiano e como brasileiro através da cultura afrodescendente. A base do povo é a sua identidade, é o conhecimento do individuo". - Mestre Balão



  
                                                                          



ENTREVISTA COM MESTRE VERMELHO


Mestre Vermelho


Museu Vivo - O senhor é considerado um dos precursores desse movimento que incorpora a capoeira fazendo uma mistura com a manifestação folclórica. Poderia falar um pouco sobre isso?

Mestre Vermelho - Na verdade, tudo começou com Rosita Salgado e com a professora Emília de Biancardi. Depois vieram muitos outros grupos como o nosso, o Afonjá, o Bahia Total, depois o grupo Moenda - durante 25 anos e após essa movimentação a capoeira espalhou-se pelo mundo. Não por nós, mas porque ia acontecer. Aconteceu e hoje mais de 150 países tem capoeira da Bahia, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Brasil em geral.

Museu Vivo - Até um tempo atrás havia preconceito em relação à capoeira. Hoje muitos jovens têm procurado esse tipo de esporte. Como o senhor ver essa mudança?

Mestre Vermelho - Sabe-se que a capoeira vinda dos escravos e havendo um preconceito contra eles, mesmo após a abolição da escravatura existe, ainda hoje, uma certa dificuldade dos negros conseguirem o seu espaço. Com a Capoeira não poderia ser de outra forma. Ela foi perseguida e houve o tempo em que o capoeira era preso. As coisas começam a mudar a partir do momento que Getúlio Vargas viu a capoeira  e a achou muito bonita. Ele resolveu transformá-la em esporte nacional. Ela passou a ser apresentada nos salões, em palácios de governos, em transatlânticos no porto, em eventos, congressos e hotéis. Hoje a Capoeira não é feita apenas pelas classes populares do subúrbio, nas esquinas de rua e nos quintais, mas é feita também nas academias. É dinâmica e ainda irá evoluir mais, vai perder um pouco da tradição e conseguir novos movimentos. 

Museu Vivo - O senhor ensina Capoeira Regional ou Angola?

Mestre Vermelho - Eu sou daqueles que diz: capoeira é capoeira! A regional é uma variante. Tem o mesmo valor, embora eu seja angoleiro. Podemos dizer que são modos de jogar capoeira, mas são também duas culturas. O angoleiro pensa um pouco diferente do regional. O regional enfatiza mais como luta e o angoleiro o universo. O angoleiro é angoleiro no modo de andar, ao dobrar a esquina e de se vestir, já o regional é mais solto, é formado mais por estudantes. As duas são muito importantes e se misturam. Daqui a um tempo vai se falar apenas CAPOEIRA.





EDVA BARRETTO


"O CTE Capoeiragem é um grupo que se originou do Raízes Brasileiras. O Mestre Balão e a Professora Carol fizeram parte desse grupo. Eles estão dando continuidade e representando a nossa cultura com dignidade, fazendo um trabalho social que todo educador gostaria de fazer.  Fazem de uma forma muito correta, com honestidade e estão tirando meninos de rua, trazendo pessoas de outros países e fazendo essa união que a capoeira promove. A Capoeira em si tem essa característica de agregar, de unir não importando se seja negro, branco, índio, europeu ou africano. Isso é muito importante para nós seres humanos: viver  em harmonia  e respeito". 



Samba de roda

Fofinho - Percussionista e capoeirista



Maculelê




Aguardem vídeos do evento!


Anderson Luis de Araújo Moreira
Museólogo - COREM 1R 0279-I
+ 55 71 9136-3658 / 9951-7830
e-mail: projetomuseuvivo@gmail.com



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